Em agosto de 2013, convidei Julian Bedel, da luxuosa Perfumaria Fueguia 1833, para abrir com chave de ouro uma série de encontros inspiradores com empreendedores internacionais da perfumaria.
Vindo de família de escritores e arquitetos, sua personalidade artística se manifestou desde as artes plásticas até o branding, criando conceitos para o mercado de luxo. O currículo abrange o Museu Malba, o Hotel Faena, os vinhos Pulenta e a revitalização do Teatro Colón, que marca o início da história de Fueguia 1833.
“Quando eu estava numa sala do teatro, me dei conta do cheiro do lugar e que eu deveria sempre captar esta sensação”, relembra.
Com esse lampejo de nariz despertado, uniu forças com sua sócia, Amalia Amoedo, herdeira de uma das maiores fortunas da Argentina, para iniciar a sua educação olfativa e montar o seu laboratório de fragrâncias.
“Não temos educação aromática. Crescemos com as referências sintetizadas pelas indústrias. É preciso construir um glossário”. Bedel dispensou musas inspiradoras e tendências e construiu uma identidade própria, conectada à natureza sul-americana.
São mais de 800 ingredientes naturais captados da Patagônia a Galápagos, presentes em seus 60 perfumes, vendidos por mais de R$600 em 25 pontos de venda pelo mundo. Os números reforçam o pioneirismo dessa primeira perfumaria sul-americana, com olhar mais natural, exótica e de luxo.
O case de Fueguia 1833 não somente ilustra a importância da educação olfativa para a inovação e empreendedorismo, mas o amplo potencial do branding aliado à perfumaria, já que Bedel também cria perfumes para marcas, em especial hotéis, como a rede Four Seasons, Hyatt e Sofitel.
As possibilidades vão desde os hotéis, lojas físicas, e-commerce até mesmo a indústria automobilística. Ou vai me dizer que você nunca se deixou afetar pelo sutil e indescritível cheiro de um carro zero quilômetros?
As fragrâncias são parte integrante do branding e do marketing dos automóveis e por trás dessa estratégia tão impactante, ainda que invisível, há empresas muito competentes do setor.
Segundo a CMO Andrea Riley da empresa de aromas Ally, que fez o maior sucesso nas edições do NAIAS (Salão Internacional do Automóvel Norte Americano), “enquanto os visitantes exploram as novas tecnologias dos carros, os nossos aromas os convidam a pensar de um jeito criativo sobre como os carros do futuro deveriam cheirar”.
A criatividade bem humorada dos cheiros dos carros do futuro se dá na presença de ingredientes inusitados. Alguns que remetem a inteligência artificial, como cheiro de disco rígido, laptop e GPS, somado a cheiros que nos conectam em nossa humanidade: purpurina, energético, luvas perdidas e até uma pitada de aroma de sanduíche. “A inteligência do carro é artificial, mas a sua fragrância é o mais natural possível”, brinca a marca.
Seja divertido, exótico, sensual… O fato é que fragrâncias nos afetam, evocam uma infinidade de sensações e, consequentemente, influenciam as nossas decisões, de compra, inclusive.
Por isso, transpor o cenário de guerrilha visual e explorar a estratégia sutil e poderosa do Marketing Olfativo pode ser a estratégia mais assertiva para diferenciar, fidelizar e rentabilizar. Desde uma montadora de veículos, a um pequeno negócio.
Considerando esse cenário que desenhei o curso Marketing Olfativo aqui na Paralela Escola Olfativa, que está prestes a iniciar uma nova turma. Confira as datas aqui no site e claro, sigo disponível para orientar.
Cheirosamente,
Alê Tucci.