Na busca por fragrâncias luxuosas a preços acessíveis, muitos recorrem aos “dupes”. Mas já parou para pensar o que realmente estamos apoiando ao escolher essas alternativas?
Qualidade vs. Preço
Vamos começar lembrando que estamos comparando as versões originais, que são criadas por perfumistas reconhecidos, com base em pesquisas e investimento contínuo em novas matérias-primas, às versões dupes, que substituem ingredientes naturais e inovadores por matérias-primas de custo reduzido, sem investimento em pesquisa e desenvolvimento, com equipes enxutas e sem a pressão para garantir a segurança das fragrâncias e boas práticas de ESG.
A qualidade não é a mesma do original; podem ser menos elegantes, com superdoses de alguns ingredientes. Há quem defenda que os dupes são uma alternativa democrática ao luxo, tornando as fragrâncias mais raras acessíveis a todos. Será?
Direitos autorais e originalidade
Não existe regulamentação sobre a prática de dupes e sua comercialização.
De um lado, as marcas originais, reconhecidas internacionalmente e de grande valor e poder econômico, investem milhões no desenvolvimento de um novo produto.
Do outro, os dupes: uma oportunidade de massificar produtos de luxo, com embalagens atraentes, preços acessíveis e investimentos direcionados à divulgação nas redes.
Impacto no mercado
Será que a popularidade dos dupes ameaça a existência de perfumes originais, ou eles simplesmente coexistem, atendendo diferentes públicos e até mesmo reforçando a popularidade das marcas originais?
São os influenciadores que recebem e divulgam os produtos nas redes sociais. E quem são os influenciadores? São pessoas apaixonadas por perfumes, que compartilham um estilo de vida, que colocam seus talentos à disposição de marcas para a divulgação de seus produtos favoritos ou dos produtos com os quais possuem contratos publicitários. O desafio do consumidor é separar uma coisa da outra.
Na sociedade líquida de Bauman, os vínculos são frágeis e mutantes, a marca que faz sucesso hoje desaparece amanhã; o influenciador que amava e usava uma marca hoje, divulga outra amanhã.
Não somos ingênuos. Na perfumaria, como em qualquer outro segmento, existe a prática de inspirações, mais ou menos fiéis aos originais, que vêm da época da rivalidade entre Guerlain e Coty, com Shalimar e Emeraude, ou Chanel 5 e Quelques Fleurs, por exemplo. As inspirações existem e sempre existirão. Podemos até recorrer a Lavoisier: “Nada se cria, tudo se transforma”, para tentar explicar os Dupes.
A verdade é que surfar a onda de sucesso de quem veio antes e abriu caminho não é invenção dos Dupes. Talvez a grande revolução tenha sido jogar luz para essa prática e fazer com que toda a cadeia fale sobre isso e reflita sobre a perfumaria-arte x perfumaria fast-fashion, e como as marcas (grandes e pequenas, mais e menos criativas) querem desenhar a evolução da perfumaria, um setor que já foi conhecido por não mudar há anos e que vem mudando em velocidade sem precedentes.
Conclusões finais
Dupes são uma forma de democratizar o acesso ao luxo ou uma cópia nada criativa da inovação alheia?
Sempre existem dois lados dessa moeda, e opiniões podem variar drasticamente baseado na vivência de cada um.
Quando discutimos o tema em um espaço especializado e seguro, que promove o aprendizado e o debate, conseguimos conhecer novos pontos de vista e ampliar o entendimento.
Você apoia ou evita o uso de dupes de perfumes?
One comment
Eu apoio os dupes, pois inúmeros deles me levaram aos originais!