Em nossos cursos percebemos o desafio que a linguagem da perfumaria representa com seus termos próprios e nem sempre fáceis de entender. Nesta série “Acordes Famosos da Perfumaria no Mundo” dividimos com você alguns termos mais complexos de forma simples e direta.
Afinal, o que são os acordes olfativos?
As fragrâncias são compostas por vários ingredientes, também chamados de notas, assim como na música. E enquanto cada ingrediente é uma nota, dois ou mais ingredientes formam os acordes. Curioso não é mesmo?
Mas não é qualquer combinação de ingredientes que resulta em acordes. Assim como na música, novamente, a perfumaria tem quatro tipos de acordes que vamos conhecer a seguir.
Fougére, palavra francesa que quer dizer “samambaia”, é um acorde que surgiu após o lançamento do Fougére Royale, da casa de perfumes Houbigant, em 1882. Marcou a história da perfumaria masculina mundial com sua fragrância fresca e confortável, resultado da combinação inédita de lavanda e cumarina, componente sintético extraído da semente de cumaru ‑ internacionalmente conhecida como fava tonka.
O acorde fougère pode ser clássico ou moderno.
A versão clássica do fougère lembra fragrâncias pós barba e além da lavanda e cumarina, também leva na sua composição gerânio, vetiver e musgo de carvalho.
Com o passar do tempo e a evolução da perfumaria, o acorde fougère clássico se modernizou trazendo mais ingredientes sintéticos à sua composição, como o famoso dihydromyrcenol, o Iso E Super e o Evernyl, que entram no lugar do vetiver e do musgo, deixando o fougère mais transparentes e fresco.
FOUGÉRES ATUAIS
O acorde chipre nasceu com François Coty, em 1917, no perfume “Le Chypre”. Sua inspiração foi a ilha de Chipre, banhada pelo Mar Mediterrâneo.
Assim como o fougère, o acorde Chipre também pode ser dividido entre clássico e moderno. A versão clássica combina bergamota, rosa e jasmim, patchouli, musgo de carvalho e lábdano.
Por conta de novas regulamentações relacionadas ao uso do musgo de carvalho, o acorde moderno substituiu esse componente natural por evernyl, um sintético. Ficou mais sutil, translúcido, com adição do floral sintético hedione e musk, mantendo a bergamota, a rosa e, claro, o patchouli.
Novas possibilidades de chipres surgiram ao longo das décadas: os chipres frutais, como Mitsouko (Guerlain, 1919), com suas notas de pêssego, os chipres verdes, como Miss Dior (Dior, 1947) e os chipres florais, como Aromatic Elixir (Clinique – 1972).
CHIPRES ATUAIS
Vinte anos depois, em 1925, Jacques Guerlain lançava Shalimar, perfume oriental que muitas mulheres ainda vestem no mundo todo.
O acorde oriental possui vanilla, benjoim, fava tonka, lábdano, especiarias e patchouli. Ele é a interpretação olfativa dos perfumistas franceses da época sobre o exótico oriente.
ORIENTAIS ATUAIS
O acorde âmbar é composto por notas quentes e mais resinosas, combinando a vanilla, benjoim, fava tonka e lábdano, aquecendo e deixando um rastro marcante a qualquer fragrância. Pode ser considerado muito próximo ao acorde oriental, porém, sem a especiaria e o ptachouli, o que torna o acorde ambarado mais envolvente e aconchegante do que o Oriental.
Os acordes Fougère, Chipre e Oriental foram tão importantes que, além de acorde, se tornaram Famílias Olfativas com inúmeros perfumes no mercado, mas esse é tema para uma outra conversa…
Conte pra nós que outro tema da perfumaria você gostaria de ver por aqui?
Cheirosamente,
Equipe Perfumaria Paralela.
3 comments
Sou fascinada por perfumes e muito obrigada pelas informações.
Olá, Dizan! Muito bom quando vemos a Comunidade da Perfumaria crescendo, ficamos felizes em poder contribuir com a sua paixão e entendimento 🙂
[…] Além dessa liberdade de criarem acordes simples, existem também aqueles acordes considerados clássicos e fundamentais, reconhecidos na perfumaria mundial por sua contribuição criativa e histórica, com estrutura bem definida. São eles os acordes: chipre, oriental, ambarado e fougère, que, aliás, estão detalhados de forma bastante didática nesse artigo da Paralela Escola Olfativa. […]