Como descrever o oud em uma só palavra? Raridade.
O agarwood – também chamada de, gaharu, aloeswood ou simplesmente oud (oudh, em árabe) – é uma madeira resinosa citada em muitos livros sagrados, principalmente orientais, e que possui grande valor comercial. A matéria-prima utilizada na perfumaria, porém, não vem propriamente da madeira da árvore, mas de uma resina formada dentro de seus troncos.
A árvore da espécie Aquilaria, principalmente a A. malaccensis, originária da Índia e sul e sudeste asiático, quando infectada por uma variedade de fungo (Phialophora parasitica), responde naturalmente criando um produto viscoso contra esse ataque. É essa resina, que se torna cada vez mais espessa e escura, que é cobiçada pelo mundo afora.

As plantações dessa espécie de árvore podem ser encontradas em diversos países como Bangladesh, Butão, Laos, Tailândia, Vietnã e Sri Lanka, se adaptando melhor em ambientes mais úmidos.
É parte de um mercado bilionário que o valor se mantém alto e crescente pela constante demanda, baixo rendimento do material vegetal e risco de extinção. As espécies mais importantes produtoras de resina estão protegidas sob tutela da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção), bem como pela União Internacional para Conservação da Natureza, IUCN.
O oud é obtido pelo processo de destilação e seu valor por litro pode variar de 10 a 35 mil dólares, alto preço explicado pelo baixo rendimento do processo extrativo – com 70kg de madeira, são extraídos menos de 20ml de óleo puro – e espaçamento na colheita, uma vez que, quanto mais velha a árvore, maior a concentração de óleos (algumas árvores somente são colhidas depois de atingirem a idade de 50 anos).
O odor pode variar dependendo do local, forma de cultivo e processo extrativo, mas caminha entre nuances amadeiradas, balsâmicas, de couro e fumaça. Por ser parte de um metabolismo vegetal complexo, ainda não foram descobertas formas de reproduzir em laboratório o perfume que exala dessa resina, e criação de novas moléculas se mostra pouco atrativo devido alto investimento. A sustentabilidade, portanto, é uma questão de extrema importância.
O oud, também cobiçado para o uso em incensos e conhecido como o “Rei dos Incensos”, tem conexões históricas que se estendem pelo budismo, taoísmo, islamismo e cristianismo, e é até hoje componente importante nas criações do Oriente Médio.
Atravessou continentes e atraiu os narizes do mercado mundial atual, principalmente em meados de 2010. Grandes marcas passaram a lançar fragrâncias que simbolizavam luxo, mistério e elegância com o nome “oud”, em embalagens contrastantes de tons escuros e dourados.

Seguindo a tendência NOIR presente na perfumaria, Valentino lançou agora em maio OUD ESSENCE, também adotando elementos escuros e dourados que remetem ao luxo, ao exclusivo.
Os perfumes amadeirados, antes considerados mais masculinos, passaram a transcender os limites de gêneros com o oud, despontando em fragrâncias unissex orientais de grandes marcas como Givenchy, Burberry e Guerlain.

Através da Natura, o oud foi descoberto pelo mercado nacional de massa com os lançamentos Essencial Oud Feminino e Masculino, fragrâncias que combinam o exótico odor do oud com matérias-primas nacionais, entre elas, a madeira de copaíba e a priprioca.

Os valores dos perfumes acompanham os valores desse ingrediente raro, que é considerado como o “ouro líquido da perfumaria”. O investimento compensa: por ser uma nota de fundo e muito evidente, a pele fica perfumada de oud por longas e longas horas.
Um luxo!