Por Alessandra Tucci sócia-fundadora da Perfumaria Paralela
No momento em que o mundo mais discute sobre os gêneros humanos e como a gente lida com as diferenças, uma das mais fortes tendências em perfumaria são os perfumes sem gênero, também chamados de genderless. Ou seja: são unissex. E eles vêm ganhando mais força e espaço no mercado. Esse movimento está mais perceptível estimulado pela perfumaria de nicho com marcas como Dyptique, Frederique Malle, Les Exclusifs de Chanel, que não determinam um ou outro gênero para os perfumes. E é justamente essa conduta, junto com as reflexões e o momento do mundo, que tem influenciado bastante o comportamento das marcas na hora de rotularem os produtos como “masculino” ou “feminino”. Tanto que, no mercado internacional, temos o lançamento CK2, de Calvin Klein, reforçando o posicionamento unissex da marca que é uma das mais queridas dos brasileiros; além do exclusivo Eau de Cartier na versão EDP (eau de parfum). Se essa moda pega mesmo, já pensou que libertador será ter mais opções de perfumes unissex?
Outra tendência bacana no mundo é a valorização de um ou mais ingredientes do perfume, de forma que a gente consegue perceber, através do olfato, a presença desses ingredientes em destaque na fragrância.
E uma das flores em evidência tem sido a rosa, como vemos na perfumaria de nicho Acqua di Parma Rose Nobile, ou em marcas mais modernaas como a nova variante do Flowerbomb de V&R, e também na versão rosa do « blockbuster » La Vie est Belle en Rose e, para quem prefere uma rosa mais fresca, a já tradicional marca Cool Water de Davidoff criou um mar de rosas com a variante Sea Rose.
Por incrível que pareça, hoje, no Brasil, poucas marcas trabalham sob este ponto de vista: a Natura com a marca “Esta Flor”, é uma delas, que conta com as variantes íris, rosa e flor de laranjeira. A L’Occitane Provence também atua nesta linha, com seus produtos Verbena, Lavanda, Flor de Laranjeira, entre outros.
E já que é para falar em tendência, aqui a tendência está na conexão entre as fragrâncias e os ingredientes que o produto comunica no nome, na embalagem, no conceito.
Ainda na tendência de flores vemos outro movimento importante sobre elas: diferente do vinha acontecendo antes, quando só se encontrava flores superornamentadas, coloridas e cobertas por notas frutais e ingredientes gourmands (doces, muito doces!), agora essas maravilhas aparecem mais naturais, simples e perceptíveis na sua essência. E nada é mais charmoso do que a simplicidade de ser natural, não é mesmo? Nessa direção, o floral verde se destaca e volta às tendências com fragrâncias que retratam o cheiro da seiva, das pétalas, folhas e frutas verdes crocantes. O efeito é mais leve, sofisticado e fresco! Um exemplo é o My Lily, novo lançamento de O Boticário, que tem uma perfumação pra cima e que foge dos estilos mais conhecidos da perfumaria feminina. Na perfumaria internacional, marcas de sucesso trazem alternativas nesse estilo, como a versão EDT (eau de toilette) de Love Story de Chloé e o J´Adore Lumière de Dior.
Com tantas tendências e um mercado que ama perfumes, fica para as equipes de desenvolvimento de produto, comunicação e marketing, um enorme desafio: o de atender todas as necessidades deste consumidor multicanal, sempre cheio de informação, conectado e que quer ser bem atendido.
Se antes a venda de perfumes acontecia de forma mais fácil e até intuitiva, hoje ela requer das equipes e dos pontos de venda, um excelente atendimento, alguma expertise e serviços de alta qualidade. Só assim a experiência será para o consumidor, como deveria ser sempre para um perfume: inesquecível.
Publicado originalmente em Cosmetic Innovation.